segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Viagem





Olhas o relógio... são 5h... começou agora a Nova viagem. Ao fundo abrem-se portas, devagar. Por entre o espaço envergonhado entra um feixe de luz policromática que se dissocia nas nossas mãos. Olho. Duvido. Espero. À minha volta a constante é o cenário onde as formas não se distinguem, como se os olhos estivessem fechados, o que vejo é apenas a tua voz ao meu lado, recostados nos bancos paralelos, refugiados do gélido ar fora de portas. Tic Tac, intervêm os ponteiros na conversa, num compasso descompassado que nos roubou cada segundo de sono... e mesmo assim, mais forte que o sol renascemos nós, numa inquietante surpresa de rompante. O inesperado pegou na vibração de cada palavra e agitou cada molécula do que julguei ser. São incertas as certezas que outrora tinha. São certas as certezas que agora tenho. Cinética.

As palavras sequenciam-se camufladas no sentido, porque não são elas que o escondem, mas ele que as dissimula nos pensamentos que te saltam dos olhos. Dissecada até ao epicentro, silêncio rasgado de quem não consegue contrapor tal essência... tatuas a alma com a alma que evocas nos dedos que escrevem. E agora que me roubaste o dicionário da prosa filosofada resta-me o silencio entre os sons. A dor é melhor catalisador da escrita do que o Amor. Reaprendo a escrever, como numa regressão ao primeiro dia da escola, é novo o alfabeto destas palavras, fonético, dinâmico, sons com sabor que foge às papilas gustativas.
Rendida ao que julgara desconhecer, e desconhecendo na verdade, observo o cocktail agridoce que me preenche o interior e extravasa. Ondas sísmicas abalaram o meu chão e o meu céu, e medo.... Não tive medo por um segundo que fosse, porque soube nesse instante que o tremor e o tremer eram a porta que se abria. Julguei tudo existir nos bastidores da vida, no palco principal morava só o holograma da minha invisibilidade, mas hoje são monólogos, diálogos, cenas e contracenas sob as luzes que me despem e encantam num feitiço puro.

És a nostalgia do que nunca senti, a saudade do que nunca provei, a sombra do que nunca iluminei, o relevo do que nunca toquei. Hoje, um Hoje com mais de 24h, inquietante e apaixonantemente perturbador, um Hoje que passou a ser todos os Hoje da sequência temporal, desenrolaste diante de mim o papiro com um codex transtemporal, complexidade simplificada pela clareza da revelação. Voamos lado a lado com a luz através do vácuo, o som fica escondido porque o alfabeto fonético não precisa ser pronunciado nos lábios que Hoje beijam, nem nos olhos que Hoje transparecem. Espreitas por esses olhos-janelas um mundo escondido, através do negro das pupilas iluminadas que se revela com a palavra secreta: empatia. Do ponto de encontro dos vectores das imagens projectadas e acolhidas nasce um calafrio que desce e ascende, qual Estrela de David, a chave guardada num jogo de ilusões do mundo holográfico. Compreendo hoje que as respostas que sentia nas pontas dos dedos, nos 5 sentidos, estavam incompletas e, na porção que faltava, jaz hoje a dúvida ocasionalmente erguia perante a veracidade do fado.
Os ponteiros oscilam a velocidade instantânea, e a média está ainda por calcular.... Aceleram vertiginosamente e abrandam ao mesmo tempo, confundindo-nos o ponto de referência temporal. Viajamos no tempo ou viaja o tempo em nós? Sente-lo a correr nas veias? Idade média? Neolítico? Século XXI? A rotunda roubou-nos o calendário, mas mostrou a saída camuflada.



Abrimos um portal interdimensional onde percorremos o planisfério e os multi-universos, onde guardado está o livro em branco que levarias para a ilha. Connosco viajam o Tom Sawyer e o uncleberry finn, a Julieta, o Dartanhan e O super herói... fantasia criada pela tua nascente de alegria. “Desenho animado: processo segundo o qual cada fotograma de um filme é produzido individualmente, podendo ser gerado quer por computação gráfica quer fotografando uma imagem desenhada quer repetidamente fazendo-se pequenas mudanças a um modelo. Quando os fotogramas são ligados entre si e o filme resultante é visto a uma velocidade de 16 ou mais imagens por segundo, há uma ilusão de movimento contínuo (por causa da persistência de visão).”
A individualidade de cada um de nós modela-se a todas as partilhas e ligam-se num filme a uma velocidade não quantificável que permanece além da visão.
O sol adormeceu no mar e no dia seguinte acordou nas montanhas, metáfora concretizada, num desenho animado onde “é raro chover e nunca, quase nunca acaba mal... “.

Sim.....


C oincidência
I nquietude
N ascer
C atarse
O culto

A kash
A calmia
Á ustria
A mor
A poteose