quarta-feira, 30 de julho de 2008

(I) miscíveis



Daniel Barenboim, natural de Buenos Aires, 1942, judeu, israelita por nacionalidade.

Músico desde antes de nascer, primeiro concerto oficial aos 7 anos de idade.

Trazia no sangue pautas decoradas, como tatuagens ancestrais de etiologia desconhecida.
"The eleven year-old Barenboim is a phenomenon …", foi esta a frase que lhe abriu portas mundo fora (aquelas que, na realidade, já estavam à sua espera)...
Paris, Viena, Roma, Londres, Berlim, Nova Iorque...Austrália., Nova Zelândia, Japão, e n2 coordenadas geográficas.
De pianista a maestro, de músico a "Our honorary conductor for life".
Porque acima de música está a pessoa, o comunicador, o mestre, Daniel Barenboim quis orquestrar mais do que orquestras filarmónicas.... quis orquestrar a paz camuflada nas ideologias.
Foi do encontro “fortuito” de Barenboim e Edward Said (esccritor e professor da Universidade da Colombia, nascido nas terras da Palestina) que, na hipotética assimetria de perspectivas, nasceu a constatação de similitudes de uma visão de co-existência pacífica no Médio Oriente! Diálogo!
West-Eastern Divan Workshop and Orchestra é a outra face das diferenças que o Homem sedimenta. Barenboim orquestrou jovens músicos (14-25 anos) naturais de diferentes países em conflito territorial e ideológico, tais como Egipto, Síria, Líbano, Tunísia e Israel. As dissonâncias transformaram-se em acordes melódicos e harmónicos, sonantes a uma só voz, numa melodia perfeita nascida da alma do mestre.

Desta simbiose entre Daniel Barenboim e Edward Said nasceu a memória que fica de uma união um nível acima: “Parallels and Paradoxes: Explorations in Music and Society”.

E tu? Já desfizeste os nós da garganta, as equações dos pensamentos e as tempestades no cerne da questão?

Dois em um ou um em dois? A uma só voz...

terça-feira, 29 de julho de 2008

I.A.


Depois da primeira página a viagem não tem regresso, não se voltará mais ao mesmo ponto, não se regressará igual. Escreve com a fluidez de quem bebe água, como se enquanto os dedos tocam não-aletoriamente as Teclas Com Nome Próprio, os olhos devorassem outro mundo que não aquele que conceptualiza no mesmo instante de tempo. A destreza de quem cujo o cérebro tem mais fluxo que as passadeiras de Hong Kong em hora de ponta (ou seja, a toda a hora) e o encaixe metódico das mesmas no meio do caos. Está tudo tão sedimentado e em constante análise crítica, que a obra nasce do entretanto que já passou. E nas (nessas) entrelinhas, deixa escapar de forma controlada o esboço de um auto-retrato, um humor sofisticado de quem é muito bom e sabe disso. Um olhar angular com orientação cima-baixo, mas que para além do prazer que procura nas palavras que escreve, ergue também uma preocupação (de forma consciente ou o-adjectivo-pré-sufixado-de IN-)de orientação horizontal com o Todo, o Todos. ("Alguém está a ouvir? Alguém se preocupa?)
E depois da última página? Virá a primeira, porque Tudo teima em ser cíclico.
A Natureza insatisfeita e inquisidora do Homem propulsiona a expansão do perímetro. Construído ou re_nascido? Artificial ou Natural?


I.A. de I saac A simov
I.A. de A dubo I ntelectual


De Todo o Lado.... é De Todo o Lado...

domingo, 27 de julho de 2008

Parêntesis



Queres calar-te mas não basta o controlo de volume, "De todo o lado" vêm vozes, vens tu, chegam as reminescências em jeito de déjà vu , mas será que já viste alguma coisa?
És porto, barqueiro e tráfego. És farol e barco à vela sem mastro. Centrifugadora e panela de pressão, explodes quando te calas e se te não calas Amas. E eu Amo-te calada, no profundo Analfabeto do Dicionário com páginas em branco. Dizem as regras que gosto apenas, que não mais que adoro, mas o meu xadrez é autónomo e as peças são outras.
Não admirada com a admiração que sempre te tenho, ela cresce, amadurece mas não cai, não como eu.
Irmão, grande, não O Grande, o outro, o meu, Tu!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A_S_simetria



Pontes incompletas para pés por falta de mãos e de almas. Realidades cruzadas, refractadas, invertidas num espelho quebrado por 7x70 unidades de medida temporal.

Roupas de marca em saldos, de etiquetas bordadas e nomes foneticamente sonantes em colisão frontal com Pessoas sem centro, que cobrem mais a alma do que o corpo, numa moda do futuro que não muda.

Abre os olhos e o mapa! É urgente saber ver o mundo que fica para fora dos limites do GPS. Porque mais que pontes incompletas, mora um mundo alugado para todos a preços e taxas de juros diferentes, um mundo que partilha (as mesmas) fronteiras de costas (mesmo) voltadas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

sábado, 19 de julho de 2008

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Hoje

Hoje queria estar comigo, contigo, com aquilo que nós sou. Tenho oscilópsia de pensamentos abstractos, trajectórias de colisão, fusão, fissão... Estou de ressaca de uma droga que desconheço. O invisível já não me cabe na pele, ultrapassou a barreira de contenção, os limites são outros agora. A amplitude de visão não-retiniana auto-multiplica-se com inputs não programados. O isolamento é muitas vezes a forma de estar mais perto do mundo, mas com ele também a digestão do extra e intra-eu confunde-se. Fiquei sem rosto outra vez... Desenha-me os olhos na mão...

Frases curtas

Círculo cíclico que nos prende por vácuo para o centro da espiral.
Procurar e seguir um caminho diferente que no entre_tanto se resume ao mundo inteiro.
Incertezas do que sou e de onde quero ir.
Querer ser tudo é um atalho armadilhado para o nada.
Salve-me a sensatez e o cerne intuitivo nos momentos de fraqueza.

Um terço da metade de um

Sempre fui metades de coisas que fui sendo. E a soma de múltiplas falsas metade é sempre inferior a um. Estou em constante decalage entre o que sou e o que queria ser, e é no tropeçar descuidado de pés descalços que choro (como tu) no outro e neste dia. Faço buracos negros, negros de cor e de energia raios-gama de alta capacidade criativ-o-destrutiva. Pensamentos intrusivos saqueam-me a sanidade autónoma da não autómata liberdade pensativa. Rituais assustadores perseguem-me com acrobacias, determinados. A Força vai-se virando, alternado, mutando. Tudo que vês em mim não existe, sou holograma criado pela minha própria existência, pelo que outrora julguei (vir a) ser. Grita-me ao ouvido: faz eco, repetitivo, monótono, não inovador.
Entre os momentos de rebeldia, surdez psicológica, discurso verborreico e alucinoses pseudo-alucinatórias (porque todo Eu é pseudo) fica a ressaca da ausência dessas mãos doces de menino que me afagam os cabelos longos e não perguntam, nem respondem, beijam-me só a saudade do que nunca existiu. A trincheira alarga-se.
“Apenas adoro perceber-te, na medida em que eu não fui, ainda aquilo que tu já és.”, dizes-me ao ouvido em “dó menor” mas os acordes são dissonantes porque eu não nasci ainda.
Há pouco mais de poucos minutos fugi de casa para voltar depois. Levei os gritos que me puxavam os cabelos e corri, corri, corri até perceber que já não corro como antes. Que nem aí, nesses contornos fisicos que tanto investi consigo ser mais que um terço da metade de um.
Os ponteiros do meu relógio rodam no sentido inverso. Se calhar devia trocar as pilhas, reger-me por um relógio solar ou ignora-lo apenas, porque quem parou no tempo e na verdade nem sequer existe e não precisa de horas.

Respiro. Suspiro.
Quero adormecer. Quero acordar.
Comi muitos hidratos de carbono ao jantar.
Preciso de serotonina nas sinapses.
Abraça-me.
Pausa.

Choro.
Morro.
Parti.

E agora, no cantinho do meu quarto com a porta fechada volto ao útero da minha mãe, cruzo os braços nas minhas costas despidas. O despido da Mulher que desconheço esconde-se. Sinto falta dela (a Mulher), sabias. Ela escondeu-se e agora já estou cansada deste jogo. Quero deixar de ver Nada quando olho o espelho. Não quero brincar mais.
O ponto de ebulição tornou-se estacionário, os pensamentos borbulham na superficie tensional ar-água mas já não há palavras que façam o ar subir.

Nada.
Tudo.
Infinito....

Ruminação Holística

Quimiossíntese carnal, fotossíntese espiritual. Logística morfológica, sintaxe relacional.
Sou magnitude 3/6, não é preciso ampliação, basta ver da perspectiva mais perspicaz. Sonhas acordado, REM descoordenados. Quanto mais procuras menos defines, menos encontras. Mascarei-me de fantastic4, invisível aos olhos dos que me olham directamente. Sou contorno invisível que passa ao teu lado, o meio, médio, médium, transporte para o outro lado. Fotografo com os olhos da Alice, maravilhas de um país em Braile. Quanto mais vês menos entendes, a resposta está na sensibilidade!


Equacionando soluções, solucionando equações, fórmula irredutível da existência, onda sinusoidal que corre tendencialmente para o +¥. [x^2 = (x^2^n)-1 ^ xy = ? =» [(x^2^n)-1]+xy = (+¥.)] Decifras ou alheias-te? Matemática dos sentidos, paradoxo de materialismos. São tantos os afluentes antes da foz que as correntes se confundem e trocam de direcção. Sou a instabilidade encarnada, a voz das frases sem sentido que colidem entre si.

Auras pintadas a aguarela, cores esbatidas pela tempestuosa tempestade de uma crisónica sociedade. Alpinistas da verdade, a trepar barreiras socioculturais em saldos para conquistar a clarividência de um mundo que não faz promoções. Sobem devagar, falta-lhes o oxigénio. Hipoxémia no cerne etéreo, o corpóreo cai no sopé da montanha. Polinizar aparências é como cortar ervas daninhas… recorrentes, reincidentes, estupidamente irreverentes.

Estou num constante estado de ruminação holística, em fase enzimática da digestão de ingredientes cognitivos. Condimenta-me, apura-me, desafia-me os sentidos até ao 7º andar. Alimenta-me com a receita, dá-me calma, dá-me alma… mas guarda o corpo que sou vegetariana. Engasgo-te o cérebro para te dissecar a mente… e disseco-a até ao estômago, provoco-te e viro-te do avesso. Posso ser a tua náusea e o teu anti-emético.
Estende pseudópodes do meu cérebro à minha mão, veículo da salada de frutas na minha mente.

Anarquia mental Vs metodicidade e organização semântica. Conexões sinápticas neuronais hiperactivas, em planos paralelos e tangenciais. Verborreica, Verbalmente incontrolável, mente caótica com palavras e metáforas que se atropelam
Não comeces a enciclopédia pela letra A, no verso está o glossário, o inverso, essência essencial da obra completa. Prateleiras de conhecimento enxertados em ruas de sabedoria. Metamorfose do vazio, imagem em negativo.

Anjos mascarados, predadores à descarada, fantoches dissimulados, verdade de cara tapada. Vamos jogar às escondidas, está fora de moda o jogo da apanhada.