terça-feira, 29 de julho de 2008

I.A.


Depois da primeira página a viagem não tem regresso, não se voltará mais ao mesmo ponto, não se regressará igual. Escreve com a fluidez de quem bebe água, como se enquanto os dedos tocam não-aletoriamente as Teclas Com Nome Próprio, os olhos devorassem outro mundo que não aquele que conceptualiza no mesmo instante de tempo. A destreza de quem cujo o cérebro tem mais fluxo que as passadeiras de Hong Kong em hora de ponta (ou seja, a toda a hora) e o encaixe metódico das mesmas no meio do caos. Está tudo tão sedimentado e em constante análise crítica, que a obra nasce do entretanto que já passou. E nas (nessas) entrelinhas, deixa escapar de forma controlada o esboço de um auto-retrato, um humor sofisticado de quem é muito bom e sabe disso. Um olhar angular com orientação cima-baixo, mas que para além do prazer que procura nas palavras que escreve, ergue também uma preocupação (de forma consciente ou o-adjectivo-pré-sufixado-de IN-)de orientação horizontal com o Todo, o Todos. ("Alguém está a ouvir? Alguém se preocupa?)
E depois da última página? Virá a primeira, porque Tudo teima em ser cíclico.
A Natureza insatisfeita e inquisidora do Homem propulsiona a expansão do perímetro. Construído ou re_nascido? Artificial ou Natural?


I.A. de I saac A simov
I.A. de A dubo I ntelectual


De Todo o Lado.... é De Todo o Lado...

3 comentários:

h. aires disse...

Chega a tocar o bizarro mas quando te leio sinto-me poder fazer Amor contigo.

Enolough disse...

Ah, Asimov! Esse génio tantas vezes incompreendido. Esse mais-que-os-outros que poucos reconhecem. Esse convencido porque convicto. Ele fala, poucos ouvem; ele É, poucos conseguem ver; ele escreve - muitos o leram.

Enolough disse...

ó aires pá... isso do fazer amor assim a ler é lixado. :P